segunda-feira, 13 de julho de 2009

A caixa

Quanta doçura e quanta fragilidade
vejo no teu rosto,
que agora se torna estranho,
a ti mesmo,
pois a mim sempre o foi.
Quanta gravidade no gesto,
que te é tão inerente,
tão caro,
mas que é pra mim tão vazio.

Como podes confiar em mim
assim tão facilmente?
Não sabes o meu passado
e muito menos o meu presente,
que te dou como presente
em desgostos, tristezas e mágoas
embrulhados em papel bonito
amarrados com uma fita
da cor que te é favorita.
.
Talvez por isso,
não abras tua prenda.
Pois que tua inanidade
te faz se encantar
somente do embrulho
e julgas já saber o que há dentro.
.
Tu que te sentas e te deitas
sobre tua própria concuspicência,
quando levantares e abrires
o teu presente,
verás que eu sou tão ruim
quanto o pior do pior de ti mesmo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Yasuna, vive para sempre

Yasuna gerou saudades
e solidão por um longo tempo.
Apesar de sempre estar aqui perto
estava sempre tão distante.
De modo que num divórcio
muito injusto,
foi enclausurado
na prisão dos esquecidos.
Hoje dia sete de julho,
pode enfim morrer em paz.
Mesmo depois de infinitas horas
de isolamento e agonia,
estava contente
por ter completado o seu fanado.
De dentro da sua carcaça
nasceu uma ave,
e mesmo novinha,
tinha a imponência de Yasuna.
Esta ave é tomada
como Rei dos Pássaros,
deitada sobre sua soberania cruciante,
é nada mais que um reflexo de Yasuna.
.
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Foto: Fernando Paranhos