quarta-feira, 14 de abril de 2010

O pequeno pássaro confiante...



Dois ninhos de pássaros dividiam um mesmo galho, cada ninho com um único ovo. Em um deles nasceu um pássaro bonito e garboso, e no outro um pequenino pássaro frágil. Os dois cresceram juntos, até o momento em que se tornaram independentes. Voaram juntos do ninho no mesmo dia. Eram grandes amigos, aliás, grandes amigos não; eram grandes irmãos. Viviam numa espécie de protocooperação, o maior protegia o pequeno de predadores, e o menor retribuia conseguindo larvas de besouro tiradas com se pequeno bico de buraco das cascas das árvores, e da qual os dois se alimentavam. E assim foi durante muito tempo. Um dia o pássaro maior encontrou outro pássaro da mesma espécie que ele, e logo se tornaram amigos. Ele foi apresentar o novo amigo ao seu irmão. O novo pássaro achou estranho a amizade. Num determinado dia, quando o pequeno pássaro saiu para pegar as larvas para que eles pudessem almoçar, o novo pássaro falou para o outro que a espécie deles não tinham amizades com pássaros pequenos, e sim comiam pássaros pequenos, pois isso era o que faziam todos os falcões. Quando o pequeno pássaro chegou, trazendo com dificuldade no bico muitas larvas, o irmão dele sem pensar duas vezes rasgou sua carne com as garras afiadas, e o comeu junto com o outro falcão. Terminada a refeição, os dois voaram pelo horizonte, sem remorço e sem culpa alguma. Nem dois minutos de vôo se passaram, e o falcão que tinha comido seu irmão, caiu duro no chão. O que o matou não foi a culpa e nem o remorço, mas sim a traição, que ele não sabia que é capaz de dilacerar os corações de quem trai e de quem é traído. Porém, uma vez consumada a traição, nunca mais se pode voltar atrás. Nunca.