vejo no teu rosto,
que agora se torna estranho,
a ti mesmo,
pois a mim sempre o foi.
Quanta gravidade no gesto,
que te é tão inerente,
tão caro,
mas que é pra mim tão vazio.
Como podes confiar em mim
assim tão facilmente?
Não sabes o meu passado
e muito menos o meu presente,
que te dou como presente
em desgostos, tristezas e mágoas
embrulhados em papel bonito
amarrados com uma fita
da cor que te é favorita.
.
Talvez por isso,
não abras tua prenda.
Pois que tua inanidade
te faz se encantar
somente do embrulho
e julgas já saber o que há dentro.
.
Tu que te sentas e te deitas
sobre tua própria concuspicência,
quando levantares e abrires
o teu presente,
verás que eu sou tão ruim
quanto o pior do pior de ti mesmo.